Mudar hábitos pode ser desafiador, contudo
é a chave para qualquer transformação. Quando ficar do jeito que está traz
benefícios, justificativas são criadas e não saímos do lugar. Mas, como já foi
dito, quando a dor de não estar vivendo for maior que o medo da mudança, a
pessoa muda.
Segundo a neurociência, o ser humano
age para evitar a dor ou em busca de prazer. Portanto, a solução para mudar
hábitos indesejáveis ou criar novos comportamentos costuma passa por esses dois
pólos. Uma das chaves para a mudança pretendida
é criar recompensas para o cérebro.
A mudança ou a criação de novos de
hábitos deve ser encarada como um processo que envolve autoconhecimento,
disciplina e força de vontade. Com algumas técnicas e esforços direcionados é
possível encontrar caminhos que fazem sentido para cada um e alcançar grandes
transformações nas diversas áreas da vida.
Já imaginou se tivéssemos que pensar todos os dias na melhor forma de escovar os dentes?
De tudo o que fazemos 40% são hábitos
automatizados e 60% decisões num nível mais consciente. Por isso, para mudar hábitos
é importante entender que eles funcionam dentro de um sistema de piloto
automático para economizar energia.
Conforme explica o autor Charles
Duhigg no livro “O poder do hábito”, a formação de um hábito envolve três etapas
interligadas. A primeira é uma deixa, que nada mais é do que um gatilho que
dispara um sinal no cérebro para começar uma atividade que liga a chave do
hábito. Em seguida, vem a rotina, atividades realizadas com frequência
impulsionadas pela deixa. Depois, vem a recompensa, uma espécie de prêmio ou
prazer pela realização da tarefa. Quanto maior o prazer em realizar a tarefa,
maior será a possibilidade de se criar um novo hábito.
Portanto, para mudar um hábito, a
dica é substituí-lo por outro mais prazeroso. Para criar um novo hábito, o
segredo é criar uma forte conexão entre a deixa e a recompensa associadas ao
hábito. Por exemplo, você quer deixar de ser sedentário porque está convencido
de que isso traz prejuízos para a sua saúde e deseja iniciar atividades
físicas. Crie uma deixa, como, por exemplo, colocar o alarme do celular para
tocar antes de sair para caminhar, associe a caminhada à sensação de dever
cumprido ou a quantas calorias você vai perder. O pulo do gato é focar na
recompensa e não na tarefa, que nem sempre é considerada prazerosa.
Condicionamento neuroassociativo
Anthony Robbins, um dos maiores
especialistas em desenvolvimento humano do mundo, ensina em seis passos como
usar o condicionamento neuroassociativo para mudar hábitos e vícios. Para ele,
a mudança é uma questão de motivação e as pessoas não conseguem mudar porque
associam mais dor a mudança do que a não mudar e a solução passa por inverter
esta lógica.
Passos
Decida o que
realmente quer e o que o impede de ter isso agora.
Use uma
alavanca (deixa).
Associe uma dor intensa a não mudar agora e prazer se mudar
agora.
Reflita:
O quanto a
mudança vai me custar?
Qual o preço
de não mudar?
O que vai ser
da minha vida se eu não efetuar a mudança?
Se eu mudar, como isso fará com eu me sinta em
relação a mim mesmo?
Que outras
coisas eu poderia realizar se eu mudasse hoje?
Como minha
família e meus amigos vão se sentir?
O quanto
serei mais feliz?
- Interrompa o
padrão limitador
(Técnica da
distorção do pensamento)
- Veja em sua
mente a situação que o incomoda ou o deixa triste e frustrado. Imagine a cena
como um filme.
- Transforme
a experiência que te deixa triste numa fantasia como um desenho animado, as
pessoas envolvidas são cor de rosa e como um filme a situação avança e volta,
rápido e em câmara lenta. A chave de todo o processo é a velocidade com que
você faz o filme voltar e o nível de humor e exagero que consegue associar.
-Agora que
você distorceu mentalmente as pessoas e a situação, pensa nela novamente.
Avalie: O que
sente depois desse exercício? Com certeza, a situação não terá a mesma carga
emocional de antes.
- Crie uma
alternativa fortalecedora
Se você
conseguiu mudar, deixando de fazer algo que lhe trazia dor, precisa substituir
por outro comportamento que lhe dê prazer.
O modo mais simples de condicionar
algo é simplesmente ensaiá-lo várias vezes, até que haja um caminho
neurológico. Seu cérebro não distingue a diferença entre algo que você imagina
de forma vívida e algo que de fato experimenta.
Dê a si mesmo uma recompensa por cada
passo de mudança.
- Experimente!
Faça uma
sondagem futura. Imagine-se a assumir esse novo comportamento no futuro.
Adquira a certeza de que pode usar o novo padrão em vez do antigo.
Espiral do sucesso
Segundo o
escritor norte-americano Napoleon Hill, toda mudança começa com um desejo
ardente. E cada vez que aumenta a crença de que você pode obter o que deseja,
basta entrar em ação. Ao se colocar em movimento essa espiral gira e se obtém
sucesso.
No entanto,
uma mudança para se consolidar passa por algumas etapas, num ciclo que se
repete e pode ser encarado como fracasso, mas nada mais são do que passos para
o sucesso.
Há estudos
científicos mostrando que as pessoas modificam seu comportamento de forma
gradual e contínua. Elas partem da completa falta de consciência da necessidade
de mudança, tomam a decisão de mudar e exercitam a nova conduta até ela se
tornar um hábito. Portanto, não se sinta fracassada porque tentou algumas vezes
e não conseguiu mudar o que desejava. Muitas vezes, precisamos de ajuda
profissional para acompanhar as transformações que tanto queremos. E um
processo de coaching é bastante indicado para desenvolver novos comportamentos
com foco nos resultados.
Modelo Transteórico de Mudança
Elaborado
em 1982 pelos psicólogos James Prochaska e Carlo DiClemente, pesquisadores da
Universidade de Ohio, o Modelo Transteórico de Mudança tenta compreender como
ocorre a mudança das pessoas frente a uma determinada conduta viciante.
Os autores descreveram uma série de etapas pelas quais
uma pessoa passa quando quer abandonar um hábito. Em qualquer processo de
mudança, a pessoa gira ao redor do processo várias vezes antes de alcançar uma
mudança estável.
Nas suas primeiras pesquisas com
fumantes, por exemplo, Prochaska e DiClemente descobriram que os fumantes
giravam ao redor da roda entre três e sete vezes (com uma média de quatro
vezes) antes de abandonar o consumo da forma como queriam. Essa roda também
considera a recaída como um acontecimento normal ou mais um estado de mudança.
Etapa da
pré-contemplação
O ponto de entrada do processo de
mudança é a etapa de “pré-contemplação”. A pessoa ainda não considerou que tem
um problema ou que precisa introduzir uma mudança na sua vida. Um
“pré-contemplador” é alguém que sabe que tem um problema, embora não esteja
consciente dele.
Em
resumo: o indivíduo não pretende agir dentro dos próximos seis meses.
Etapa
da contemplação
Uma vez que aparece uma tomada de
consciência do problema, a pessoa entra num período caracterizado pela
ambivalência: a fase de “contemplação”. A pessoa contempladora considera e, ao
mesmo tempo, rejeita a mudança. A experiência da pessoa contempladora é
descrita como um tipo de oscilação entre as razões para mudar e as razões para
continuar da mesma maneira.
Uma pessoa que tem problemas com
álcool e que está nessa fase, por exemplo, pode dizer alguma coisa como: “Não
acho que eu tenho um problema com o álcool. Pode ser que eu beba muito para ter
uma boa saúde, mas não acho que bebo mais do que os meus amigos. Posso parar de
beber quando quiser”. Como vemos, é uma etapa na qual a pessoa, apesar de ter
um problema, tem a sensação de controle.
Em
resumo: pretende agir dentro dos próximos seis meses, já tem consciência, mas
ainda não sabe o que fazer para mudar.
Etapa
de determinação
A etapa de determinação, dentro do Modelo
Transteórico de Mudança, é como uma janela de oportunidade que abre a porta
para um novo período de tempo. Se durante esse tempo a pessoa entrar na etapa
de ação, o processo de mudança continua. Se não, a pessoa retrocede para a
etapa de contemplação.
Em
resumo: pretende agir nos próximos trinta dias, isto é, se comprometeu a mudar
e possivelmente já tomou ou está tomando providências para tanto.
Etapa
de ação
A etapa de “ação” é a que com mais
frequência as pessoas consideram como a etapa de início da terapia. Aqui a
pessoa se envolve em ações que a levarão a uma mudança.
A maioria das pessoas que param de
fumar, por exemplo, fazem isso sozinhas. O objetivo durante essa etapa é
produzir uma mudança no problema que se deseja resolver. A intenção de mudar,
entretanto, não garante que a mudança vai se manter ao longo do tempo.
Em
resumo: realizou modificações em seu comportamento visíveis há menos de seis
meses, ou seja, já iniciou o processo de mudança.
Etapa
de manutenção
Aqui o desafio consiste em manter a
mudança conquistada na etapa anterior e prevenir a recaída. Abandonar as
drogas, reduzir o consumo de álcool ou perder peso é uma etapa inicial de
mudança, seguida pelo desafio de manter a abstinência ou a moderação.
Em
resumo: realizou alterações visíveis há mais de seis meses, ou seja, não só
tomou a iniciativa de mudar como vem trabalhando para manter os novos hábitos.
Recaída
Por fim, se a recaída ocorrer, a
tarefa da pessoa consiste em começar a girar de novo ao redor da roda, e não
ficar imóvel nessa etapa. Os tropeços ou as recaídas são normais, fatos
esperados quando uma pessoa tenta mudar qualquer padrão de conduta de longa
duração.
Em resumo, o Modelo Transteórico de Mudança
envolve uma série de etapas dispostas de forma circular. Uma pessoa que quer
mudar uma conduta viciante passa por essas etapas de forma indefinida, até que
finalmente consegue manter a mudança.
O Modelo também propõe dez processos
de mudança: conscientização; liberação social; alívio dramático; reavaliação do
ambiente; autorreavaliação; autoliberação; gerenciamento de reforço;
contracondicionamento; controle do estímulo; e relacionamentos de apoio.
Referências:
Duhigg, Charles, O poder do hábito:
por que fazemos o que fazemos na vida e nos negócios / Charles Duhigg ;
tradução Rafael Mantovani. - Rio de Janeiro: Objetiva, 2012.
Robbins Anthony, Desperte seu gigante
interior/ Anthony Robbins- tradução Haroldo Neto e Pinheiro de Lemos – 24ª edição – Rio de Janeiro, 2014
William R. Miller y Stephen Rollnick.
La
entrevista motivacional. Ed. Paidós. Barcelona, 1999. (site: A mente pode ser maravilhosa)
Débora
Junqueira – Jornalista e Coach Integral Sistêmica de Mulheres
@focar.coaching
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